Você sabe usar o celular?
* Sandra Rosenfeld

 

A cada dia que passa fico mais impressionada com o mal uso dessa tecnologia.

O celular deveria nos servir, nos dar mais liberdade, porém tem acontecido exatamente o inverso. Estamos nos tornando escravos desses aparelhinhos.

Para algumas pessoas um só não é mais suficiente, é necessário dois ou três. Ninguém mais sai de casa sem o aparelho. Não importa se vai caminhar, nadar, ou ali na esquina. Afinal, pode ser justamente nesse momento que vamos receber aquele telefonema importantíssimo, que vai definir o restante de nossas vidas. Que nada!!!

A verdade, mesmo que doa, é que cada vez estamos menos livres. Não conseguimos mais viver sem um monte de coisas que decididamente, por mais que pensemos o contrário, não são imprescindíveis.

Aliás, será que sabemos, hoje, realmente o que é imprescindível para o nosso bem estar, para a nossa saúde física e mental? Vamos ver... A meu ver, imprescindível de fato é ser livre. Se você trabalha cada vez mais para ganhar cada vez mais para adquirir cada vez mais, tem alguma coisa errada aí.

Voltando ao celular. Falar ao dirigir é inadmissível mesmo. Não é caretice minha não, mas constatação. Você já reparou que quando estamos no celular nos desligamos do mundo a nossa volta? Privacidade zero. Tanto a nossa quanto a do próximo.

Sabe aquela regrinha básica de que nossa liberdade termina onde começa a do outro?  Esquece. Com o celular acabou. Não que eu tenha nada contra o celular. Sou a favor, mas quando utilizado com educação e respeito ao próximo.

Acontece que quando falamos no aparelhinho esquecemos de onde estamos. Acho que nossa mente ainda não se habituou a essa modernidade e pensa que estamos na privacidade do nosso lar ou no escritório de portas fechadas. Falamos no elevador, no ônibus, no metrô, no restaurante e, se o assunto pede, pode ser num tom de voz alto, às vezes aos berros, eu mesma já presenciei isso.

Esquecemos onde estamos e também a nossa educação e respeito ao próximo. Falamos de tudo e de todos, sem a menor cerimônia. Outro dia me senti constrangida ao  ter que participar involuntariamente de um assunto estritamente familiar, delicado e íntimo.

Precisamos aprender a usar o celular de forma a nos manter soberanos em relação a ele e não escravos. Não precisamos atender todas as ligações, podemos e devemos nos dar o direito de escolha de quando e onde vamos falar.

Ok. Eu sei que é difícil. Somos viciados em celular, mas tenta, você consegue. Eu, por exemplo, não levo para dentro da academia, deixo no carro e consigo caminhar na praia sem ele. O que é um grande avanço. Não foi fácil, sabe aquela sensação de que tem uma festa acontecendo e eu estou de fora? Mas, consegui, me libertei! Pelo menos um pouco, ainda pretendo mais.

 
*Sandra Rosenfeld, Consultora em Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) utilizando como ferramenta a meditação. Escritora, autora do livro O que é Meditação, ed. Nova Era,  ministrante de palestras, cursos e workshops para promover qualidade de vida pessoal e profissional.
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( julho / 2008  - publicado no site Welness)

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