É Natal e um novo ano se inicia.
Você está preparado?
Sandra Rosenfeld (*)
Todo fim de ano é a mesma coisa. Primeiro vem o Natal e com ele alegria
para muitos e tristeza para outros.
Tem gente que nem sabe ao certo o porquê, mas basta à data ir se
aproximando e o coração vai apertando e a alma ficando chorosa.
Eu também era assim. Ia na Ceia do dia 24 por obrigação com a família e
lá ficava tristonha, dando às vezes uns sorrisos, apenas para disfarçar a
melancolia instalada dentro do meu peito.
Mas isso já tem muitos anos. Até que compreendi e então pude decidir
que não precisava mais ser daquela forma, que eu podia deixar o passado lá
no lugar dele, inclusive e principalmente em datas festivas, como o Natal,
e estar alegre, me divertir, aproveitar o que estava acontecendo naquele
momento, naquele dia, ou seja, viver o momento presente.
Pôxa! Foi como se eu tivesse tirado uma carga de cima de mim. Aliás, eu
tirei mesmo. Me senti livre.
Por total falta de conhecimento de nós mesmos, nos tornamos escravos de
coisas que já passaram e que não podemos fazer mais nada a respeito, a não
ser, seguir em frente. Podemos mudar sempre, mas daqui para adiante.
E essa constatação me remete ao final de ano. Quem de nós, em algum dia
31 de dezembro, não se prometeu um monte de mudanças para a partir do dia
1o. de janeiro? Sempre cheios de esperanças dizemos. Ah! Ano novo, vida
nova! Agora tudo será diferente!
E vêm as promessas, seja na praia ao molhar os pés na água do mar, ou
jogando flores para Iemanjá, ou ainda ao levantar das taças num brinde ao
novo ano que se inicia.
Não vou mais fumar, dizem alguns. Não vou mais beber, dizem outros.
Agora decididamente vou levar a sério minha dieta, falam mais alguns.
Nunca mais volto para aquele homem ou aquela mulher. Chega de sofrer!
Afirmam outros tantos.
E por aí vai. Mas quantos realmente conseguem cumprir o prometido?
Levar adiante os desejos que são mesmo tão verdadeiros?
Poucos, pouquíssimos.
O dia 1o chega muito rápido, é logo após o dia 31.
Nossa! Mas já chegou? Constatam alguns assustados ao se darem conta de que
já deveriam ter iniciado as promessas. Sim, as promessas, no plural,
porque muitos resolvem que vão mudar toda a vida.
Amanhã, eu começo, aliás, amanhã não que é sábado, mas na próxima segunda
com certeza.
E assim, quando se dão conta. Ôps! Estamos novamente no final de ano e
lá iniciam de novo todas aquelas promessas que vão apenas se acumulando
com o passar dos anos. E com elas, os quilos extras, os malefícios do
cigarro e da bebida em nosso organismo, aquela doença que poderia ter sido
evitada se tivéssemos iniciado os exercícios físicos, a raiva e dor de
ainda manter aquele relacionamento que só nos faz mal, enfim, as
frustrações pelas decisões não tomadas.
Mas é porque não é fácil mesmo. Seria bom demais se bastasse falar no
dia 31 o que desejamos mudar e pronto, tudo iniciasse no dia 1! São
promessas feitas baseadas na magia do final de ano. É como se o próprio
fim de ano trouxesse com ele o poder de tornar real as nossas vontades, os
nossos desejos.
Mas não é o que acontece. A vida não funciona assim pelo simples motivo
de que nós somos a vida. Quando morremos, toda essa vida que acontece fora
acaba. Por isso, todos os nossos sonhos, vontades, desejos e promessas
iniciam e acabam em nós mesmos. Nós somos os mágicos. Daí a importância de
nos conhecermos. E para tal precisamos aprender a parar, a colocar o nosso
nome na agenda. Um tempo diário de contato com a nossa essência.
Desejo a você um Natal de muitas alegrias e que os fogos que nos
despertam para o novo ano, lembre a você de se despertar também. Apenas
isso, nada mais pode fazer tanta diferença para um ano realmente melhor.
Muita Paz
Sandra Rosenfeld
*Sandra Rosenfeld é escritora e conferencista, autora do livro O que é
Meditação, ed. Nova Era
www.sandra.rosenfeld.nom.br
Você pode publicar este artigo em seu site, blog, comunidade ou e-mail, mas lembre sempre de colocar os dados da autora e o link ativo ( www.sandra.rosenfeld.nom.br ), que estão no final do artigo.